Conclusão prática: Ser grato está ligado a melhoras na mortalidade por todas as causas e nas doenças cardiovasculares.
Pérola da MBE: Uma intervenção estar ligada a um resultado em estudos observacionais abre a porta para perguntas sobre "a galinha ou o ovo."
Conforme se aproxima o Dia de Ação de Graças nos EUA, chega o momento perfeito para as pessoas se deliciarem com mais que apenas torta de abóbora e purê de batatas - é uma chance para saborearmos o doce, e frequentemente esquecido, prato da gratidão. Claro, você é profissional na sua prática, mas quando foi a última vez que você tirou um momento para apreciar sua própria resiliência (ou mesmo o fato de ter sobrevivido a outra mudança caótica)? Um outro estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard foi publicado demonstrando que a gratidão parece tornar a vida não apenas mais doce, mas mais longa, agora em adultas mais idosas.
Pesquisadores que trabalharam com o Nurses' Health Study descobriram uma ligação potencial entre gratidão e mortalidade a curto prazo. 49.275 participantes do sexo feminino com idade média de 79 anos foram questionadas sobre gratidão e depois acompanhadas por um período de 3 anos. Os óbitos foram avaliados na população estudada, rastreando-se a mortalidade por todas as causas, bem como por causas específicas, como doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias, doenças neurodegenerativas, infecções e lesões.
Um total de 4.608 mortes foram relatadas durante um seguimento médio de 3,07 anos. As enfermeiras com pontuações de gratidão mais altas, medida em uma escala de 6 itens, pareceram ter um risco ligeiramente menor de morrer por qualquer causa em comparação com aquelas com níveis de gratidão mais baixos. Especificamente, aquelas que relataram a maior gratidão tiveram uma razão de riscos (HR) ajustada de 0,91 (IC de 95%: 0,84-0,99) de morrer durante o período do estudo. Embora a magnitude geral do efeito sobre a mortalidade tenha sido pequena, a associação foi particularmente notável nas mortes relacionadas a doenças cardiovasculares, em que escores maiores de gratidão foram associados a uma redução de 15% no risco (HR ajustado de 0,85; IC de 95%: 0,73-0,995). Não foram encontradas associações significativas entre gratidão e mortes por câncer, doenças respiratórias ou doenças neurodegenerativas, indicando que o efeito pode ser mais pronunciado em certos tipos de mortalidade.
Este estudo sugere que um maior senso de gratidão, ou pelo menos uma pontuação de gratidão mais alta, pode estar associado a um menor risco de morte. No entanto, não podemos necessariamente assumir uma associação direcional: será que as participantes mais gratas tenderam a manter parcerias e participações sociais ou religiosas, ser mais educadas, viver de forma independente e cuidar melhor de sua saúde física e mental? OU será que as pessoas com essas características já eram mais propensas a serem gratas? Em ambos os casos, essas descobertas se somam a um crescente corpo de evidências que sugere que traços psicológicos positivos, como a gratidão, podem desempenhar um papel na longevidade e no bem-estar.
Portanto, neste final de novembro, considere se permitir alimentar-se de uma sobra do Dia de Ação de Graças que provavelmente não gerará muitas reclamações: o hábito da gratidão. Pegue uma caneta e escreva pelo que você é grato, ou converse algumas vezes por semana com familiares, um amigo ou um colega. Alerta de spoiler: pode ser bom para o seu coração de mais de uma maneira.
PS: Somos gratos a vocês, nossos leitores, por estarem conosco semana após semana!
Para mais informações veja o tópico Envelhecimento em adultos na DynaMed.
Equipe editorial do MBE em Foco da DynaMed
Este MBE em Foco foi escrito por Rich Lamkin, MPH, MPAS, PA-C, redator médico da DynaMed. Editado por Alan Ehrlich, MD, FAAFP, editor executivo da DynaMed e professor associado de Medicina de Família na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts; Katharine DeGeorge, MD, MSc, editora adjunta sênior da DynaMed e professora associada de Medicina de Família na Universidade da Virgínia; Dan Randall, MD, MPH, FACP, editor adjunto sênior da DynaMed; McKenzie Ferguson, PharmD, BCPS, redatora médica sênior da DynaMed; Matthew Lavoie, BA, revisor médico sênior da DynaMed; Hannah Ekeh, MA, editora associada sênior II da DynaMed; e Jennifer Wallace, BA, editora associada sênior da DynaMed. Traduzido para o português por Cauê Monaco, MD, MSc, docente do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo.