Comparados à amoxicilina, tanto a azitromicina quanto o levofloxacino são associados a maiores mortalidade e risco de arritmia cardíaca grave em homens mais velhos

MBE em Foco - Volume 1, Issue 4

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Reference: Ann Fam Med 2014 Mar-Apr;12(2):121 (evidê ncia nivel 2 [médio])

Vários antibióticos macrolídeos, particularmente a eritromicina e a claritromicina, tê m demonstrado associação com o prolongamento do intervalo QT e aumento do risco de arritmias cardíacas, tais como torsades de pointes (Curr Drug Saf 2010 Jan;5(1):85). Inicialmente acreditou-se que a azitromicina tivesse uma cardiotoxicidade mínima, mas posteriormente se demonstrou um aumento do risco de mortalidade cardiovascular em comparação com a amoxicilina em uma grande coorte de usuários do sistema Medicaid, nos Estados Unidos (N Engl J Med 2012 May 17;366(20):1881). A Food and Drug Administration, dos EUA, posteriormente revisou as informações de prescrição da azitromicina para fortalecer a seção de avisos e precauções com informações relacionadas ao risco de prolongamento do intervalo QT e torsades de pointes (FDA Press Release 2013 Mar 12). Além disso, o prolongamento do intervalo QT é considerado um efeito de classe das fluoroquinolonas, e a torsades de pointes já foi associada ao esparfloxacino, ao levofloxacino e ao grepafloxacino (J Antimicrob Chemother 2000 May;45(5):557). Um grande estudo retrospectivo de coorte recente realizado em centros médicos do seguro Veterans Affairs, nos EUA, avaliou o risco de mortalidade por todas as causas e arritmias cardíacas graves em pessoas que recebem o levofloxacino, a azitromicina ou a amoxicilina.

Foram avaliados, no total, 1.757.689 tratamentos com levofloxacino, azitromicina ou amoxicilina administrados a veteranos de guerra norte-americanos (idade média de 57 anos, 89% do sexo masculino) entre setembro de 1999 e abril de 2012. A azitromicina foi dispensada, na maioria das vezes, em doses para 5 dias enquanto a amoxicilina e o levofloxacino foram dispensados principalmente para períodos maiores que 10 dias. Em comparação com outros antibióticos, a azitromicina foi mais frequentemente prescrita para a DPOC e o levofloxacino foi mais frequentemente prescrito para infecções genitourinárias (sem valores de p reportados). Foram avaliadas a mortalidade bruta e as taxas de arritmias cardíacas graves, com análises ajustadas para várias características clínicas e demográficas ao início do estudo, incluindo a indicação para a prescrição de antibióticos.

A 5 dias, a mortalidade ajustada por milhão de tratamentos dispensados foi 384 com levofloxacino (p <0,001 vs. amoxicilina), 228 com azitromicina (p <0,003 vs. amoxicilina), e 154 com amoxicilina. Em 10 dias, a mortalidade corrigida por milhão de antibióticos dispensados foi 714 com levofloxacino (p <0,001 vs. amoxicilina), 422 com azitromicina (não significativo vs. amoxicilina), e 324 com amoxicilina. O levofloxacino também foi associado com um aumento do risco de arritmia cardíaca grave em comparação com a amoxicilina em 5 dias e 10 dias, enquanto a azitromicina foi associada com um aumento do risco de arritmia cardíaca grave em relação à amoxicilina em 5 dias, mas não em 10 dias.

Estes dados mostram que, em uma população norte-americana composta predominantemente por homens mais velhos, tanto o levofloxacino quanto a azitromicina foram associados com um risco aumentado de mortalidade por todas as causas e arritmia cardíaca grave durante o ciclo de dosagem típica para cada droga (10 dias para o levofloxacino e 5 dias para a azitromicina). Essa conclusão é reforçada pelo grande tamanho da amostra e pelo uso de dados reais de dispensação farmacê utica em vez das prescrições. No entanto, é limitada pelo desenho observacional do estudo, principalmente devido a desequilíbrios nas características dos pacientes dentro da coorte. Embora o estudo tenha utilizado um modelo multivariado para ajustar para uma ampla variedade de características de base, incluindo a indicação de antibiótico, essas diferenças ainda podem ter influenciado os resultados. No entanto, esses resultados sugerem que os médicos devem considerar a prescrição de medicamentos que não o levofloxacino e a azitromicina para pacientes idosos se houverem outras opções de antibióticos para escolha, em particular para os que tê m comorbidades cardíacas.

Para mais informações, veja os tópicos levofloxacino (uso sistê mico) e azitromicina no Dynamed.