Referência: Lancet 2015 August 1;386(9992):433 (evidência de nível 2 [médio])
Já se demonstrou que a terapia com inibidores de aromatase reduz os riscos de recorrência e de mortalidade específica por câncer de mama em comparação com o tamoxifeno em mulheres no pós-menopausa com câncer de mama positivo para receptores hormonais (J Clin Oncol 2010 Jan 20;28(3):509). Diferentemente do tamoxifeno, no entanto, já se sabe que os inibidores da aromatase diminuem progressivamente a densidade mineral óssea e aumentam o risco de fratura (J Clin Oncol 2008 Nov 20;26(33):5465). Os bisfosfonatos são frequentemente recomendados para mulheres que recebem terapia com inibidores de aromatase e têm evidência de osteoporose (Ann Oncol 2011 Dec;22(12):2546), mas os relatos sobre sua eficácia são inconsistentes (Oncologist 2013;18(4):353, Gynecol Oncol 2010 Apr;117(1):139). Já se demonstrou que o denosumabe reduz o risco de fraturas e eventos ósseos em mulheres no pós-menopausa com osteoporose mas sem câncer (N Engl J Med 2009 Aug 20;361(8):756) e em mulheres com câncer de mama com metástases ósseas (Cochrane Database Syst Rev 2012 Feb 15;(2):CD003474). No entanto, a eficácia do denosumabe em mulheres com câncer de mama em estádio precoce é desconhecida. Um estudo randomizado recente comparou o denosumabe 60 mg com placebo por via subcutânea uma vez a cada 6 meses em 3.425 mulheres no pós-menopausa (mediana de idade 64 anos) com câncer de mama positivo para receptores de hormônio em estágio inicial que estavam recebendo terapia adjuvante com inibidores de aromatase. Além disso, suplementos de cálcio elementar e vitamina D foram recomendados para todas as mulheres.
Ao início, 45% das mulheres tinham baixa densidade mineral óssea (DMO), com escores T <-1,0. Durante os 38 meses médios de tratamento, as mulheres receberam uma mediana de 7 doses do fármaco em estudo. Em comparação com o placebo, o denosumabe foi associado com um maior tempo até a primeira fratura clínica (razão de riscos [hazard ratio] para fratura de 0,5, IC de 95%: 0,39-0,65). Aos 36 meses, as taxas estimadas de fraturas clínicas foram de 5% com o denosumabe versus 9,6% com placebo (p <0,05, NNT=22). A diferença nas taxas de fraturas clínicas foi ainda mais significativa aos 84 meses, com uma taxa de 11,1% no grupo do denosumabe versus 26,2% no grupo do placebo (p <0,05, NNT=7). O denosumabe também foi associado ao aumento da densidade mineral óssea aos 12, 24 e 36 meses (p<0,0001 para todos os pontos de tempo). Estes resultados foram consistentes nas análises de subgrupos por densidade mineral óssea basal, idade, estádio, grau e histologia do tumor.
Embora 24% das mulheres tenham interrompido o tratamento prematuramente, não houve diferenças significativas quanto a eventos adversos, eventos adversos graves ou perdas de seguimento devidas a eventos adversos. O denosumabe foi eficaz independentemente da DMO da coluna lombar total basal (baixa ou normal), sugerindo que ele pode ser útil tanto para prevenir como para tratar a perda óssea relacionada ao tratamento com inibidores da aromatase. Em outras análises de subgrupos, o benefício do denosumabe não se limitou a nenhuma população específica tratada. Analisados de maneira global, estes resultados sugerem que o denosumabe não só aumenta a densidade mineral óssea, mas também reduz o risco de fraturas em mulheres com câncer de mama em estágio inicial que recebem tratamento com inibidores da aromatase.
Para mais informações, veja o tópico Agentes modificadores ósseos no câncer de mama na DynaMed Plus.