Endoscopia do cólon por cápsula pode detectar mais pólipos que a colonografia por tomografia computadorizada em pacientes com colonoscopia prévia incompleta

MBE em Foco - Volume 2, Issue 19

Referência: Gut 2015 Feb;64(2):272 (evidência de nível 2 [médio])

Recomenda-se o rastreamento do câncer de cólon com início aos 50 anos de idade para adultos com risco médio e a colonoscopia óptica é o método padrão (Gastroenterology 2008 May;134(5):1570). A colonoscopia está associada a reduções no risco de câncer de cólon e na mortalidade a ele relacionada (Ann Intern Med 2011 Jan 4;154(1):22, BMJ 2014 Apr 9;348:g2467), mas as colonoscopias incompletas podem aumentar significativamente o risco de pólipos e adenomas não detectados (Colorectal Dis 2015 Jan 21 early online, BMC Gastroenterol 2014 Mar 29;14:56). Dois métodos possíveis para o acompanhamento após uma colonoscopia incompleta são a endoscopia do cólon por cápsula e a colonografia por tomografia computadorizada (TC). Embora nenhum dos processos requeiram sedação, a colonografia por TC exige insuflação de ar e também expõe o paciente a radiação de baixa dosagem, a qual está associada a um pequeno, mas significativo, aumento do risco de câncer (Gastrointest Endosc Clin N Am 2010 Apr;20(2):279, Eur J Radiol 2013 Aug;82(8):1159). Um recente estudo diagnóstico de coorte comparou as capacidades da cápsula endoscópica e da colonografia por TC para identificar pólipos de pelo menos 6 mm de tamanho em 100 pacientes com colonoscopias incompletas anteriores (idade média de 59 anos, 66% do sexo feminino). As razões para as colonoscopias incompletas incluíram dor excessiva em 45% dos casos, exame difícil em 38% dos casos e tortuosidade do cólon em 17% dos casos.

Os pacientes receberam cápsulas endoscópicas seguidas de colonografias por TC no mesmo dia e os avaliadores de cada exame foram cegos aos resultados do outro exame. Nos casos de detecção de um pólipo ou massa de pelo menos 6 mm de tamanho, os pacientes foram submetidos a repetição da colonoscopia dentro de 1 mês. Se ambos os testes foram negativos, no entanto, os pacientes não repetiram a colonoscopia e foram avaliados quanto a tumores não detectados através de acompanhamento clínico durante 1 ano. A cápsula endoscópica detectou pólipos cólicos de pelo menos 6 mm de tamanho em 25 pacientes, com apenas um resultado falso positivo e sem nenhum resultado falso negativo. A colonografia por TC, por outro lado, detectou pólipos de pelo menos 6 mm em apenas 14 pacientes, com 2 resultados falso-positivos e 12 resultados falso-negativos. Tomados em conjunto, a endoscopia cólica por cápsula teve uma sensibilidade relativa de 2 (IC de 95% 1,34-2,98) em comparação com a colonografia por TC. Os demais 74 pacientes, com resultados negativos em ambos os testes, não tiveram relatos de câncer não detectado ao longo da média de 20 meses de acompanhamento.

Este estudo mostra que a endoscopia do cólon por cápsula pode detectar mais pólipos que a colonografia por TC após uma colonoscopia incompleta. A acurácia diagnóstica absoluta desses exames, no entanto, não pôde ser determinada neste estudo. Os pacientes com resultados negativos em ambos os testes não realizaram uma colonoscopia de seguimento e, portanto, a verdadeira taxa de falsos negativos não pôde ser determinada devido à possibilidade de que um paciente pode ter tido um resultado falso negativo em ambos os testes. O período de acompanhamento foi insuficiente para descartar clinicamente um câncer ou, tão importante quanto, um pólipo não detectado (um ponto chave de um rastreamento é detectar lesões pré-cancerosas). Novos estudos com durações de seguimento mais longas são necessários para determinar o manejo mais adequado após um resultado negativo, seja com a cápsula endoscópica ou com a colonografia por TC.

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