Referência: JAMA 2015 Mar 17;313(11):1122
O câncer de mama é a forma mais comum de câncer e segunda principal causa de mortes por câncer em mulheres nos Estados Unidos (J Natl Cancer Inst 2011 May 4;103(9):714). O aumento do rastreamento por mamografia aumentou os diagnósticos de câncer de mama em fase inicial ao longo dos últimos 30 anos, mas o superdiagnóstico é comum (N Engl J Med 2012 Nov 22;367(21):1998). Embora se tenha reportado que aproximadamente 25% das biópsias da mama diagnosticam um carcinoma invasivo, a maioria dos espécimes de biopsia resultam em diagnósticos de lesões pré-cancerosas ou benignas (Cancer 2006 Feb 15;106(4):732). Um estudo recente avaliou a taxa de imprecisões diagnósticas em 240 amostras de biópsias de mama avaliadas por 126 patologistas de todos os Estados Unidos.
Amostras de biópsias excisionais ou por agulha grossa (“core needle”) foram aleatoriamente selecionadas a partir de um registo de 19.498 casos com base no diagnóstico original, idade da paciente, densidade da mama e tipo de biópsia. O diagnóstico por consenso a partir de um painel de 3 patologistas experientes serviu como padrão de referência, havendo diagnósticos de consenso de câncer de mama invasivo em 10%, carcinoma ductal in situ (DCIS) em 30%, hiperplasia atípica em 30% e benignidade sem atipias em 30% das amostras. Todos os 126 patologistas individuais que participaram do estudo tinham ≥ 1 ano de experiência na interpretação de biópsias de mama e planejavam continuar por pelo menos mais 1 ano. Cada patologista participante foi aleatoriamente designado para avaliar 1 de 4 conjuntos de exames contendo 60 amostras cada, com uma única lâmina para cada caso. Dos 126 patologistas randomizados, 115 (91%) completaram a avaliação de todas as 60 lâminas a eles atribuídas e estas 6.900 avaliações foram comparadas com o consenso de especialistas para cada espécime.
A concordância geral entre o diagnóstico do painel de especialistas e a interpretação dos patologistas individuais foi de 75,3%. As taxas de concordância, sobreinterpretação e subinterpretação são mostradas na tabela abaixo.
Enquanto a taxa de concordância foi muito alta para o carcinoma invasivo, sendo apenas 4% dos casos interpretados como DCIS, a taxa de concordância cai consideravelmente para hiperplasia atípica, com a maioria dos erros de interpretação resultando em uma subinterpretação da doença como sendo uma biópsia benigna. A interpretação errônea não se limitou a alguns patologistas ou casos específicos, mas revelou-se mais amplamente distribuída. As taxas mais elevadas de divergências foram significativamente associadas às maiores densidades mamárias e a características dos patologistas, incluindo menor volume de casos semanais, laboratórios menores e serviços não acadêmicos. Os resultados deste estudo sugerem que, embora os patologistas em geral concordem quanto à interpretação de amostras de carcinoma invasivo, suas interpretações de lesões pré-cancerosas podem ser mais variáveis. Os patologistas, no entanto, basearam seus diagnósticos em uma única amostra e, na prática, os patologistas normalmente reveem várias amostras antes de estabelecer um diagnóstico. Esta limitação pode ter contribuído para a variabilidade observada, especialmente para diagnósticos com critérios menos padronizados. Diminuir a variabilidade nos diagnósticos às biópsias é importante, uma vez que a sobreinterpretação pode levar a tratamentos desnecessários e a subinterpretação pode levar à não realização de tratamentos necessários ou à diminuição da vigilância em pacientes com lesões pré-cancerosas. Embora mais estudos possam ser necessários para determinar maneiras de identificar melhor as características histológicas atípicas, uma segunda opinião pode aumentar a confiabilidade do diagnóstico e ajudar a prevenir tratamentos incorretos.
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