Referência: N Engl J Med. 2021 Apr 15;384(15):1412-1423
Os resultados de grandes ensaios clínicos que demonstraram a eficácia e a segurança de várias vacinas contra o SARS-CoV-2 nos deram um vislumbre de esperança no final de 2020. Mas permaneceu incerto se essas vacinas evitariam a propagação, os sintomas e as sequelas mortais da infecção fora dos ensaios clínicos. Israel deu início à sua campanha de vacinação no final de 2020, estabelecendo recordes diários para as taxas de vacinação. No momento da redação deste artigo, cerca de 62% da população estava vacinada.
Pesquisadores conduziram um estudo de coorte prospectivo usando dados da maior empresa de saúde de Israel. Do final de dezembro de 2020 a 1º de fevereiro de 2021, todas as pessoas recém-vacinadas que receberam a vacina de mRNA BNT162b2 da Pfizer foram pareadas com controles não vacinados. Mais de 500.000 pessoas ≥ 16 anos de idade foram incluídas em cada grupo, pareadas por idade, sexo, região de moradia e número de comorbidades. Os trabalhadores da saúde e residentes de lares para idosos foram excluídos devido à alta variabilidade no risco de infecção desses grupos. As pessoas pareadas tinham uma idade média de 45 anos e mais da metade não tinha fatores de risco para o desenvolvimento de COVID-19 grave. Cada pessoa foi seguida até a ocorrência de um desfecho do estudo, morte não relacionada a COVID-19, vacinação do controle ou o final do estudo. O tempo médio de acompanhamento foi de 15 dias, e 96% das pessoas que contribuíram com dados por ≥ 21 dias receberam a segunda dose.
A eficácia da vacina foi calculada em vários pontos de tempo para todas as pessoas com SARS-CoV-2 confirmado por reação em cadeia da polimerase (PCR) e quatro outros desfechos de interesse, incluindo infecção sintomática, doença grave, hospitalização e morte devidas à COVID-19. A eficácia estimada da vacina ≥ 7 dias após a segunda dose foi de 92% (IC de 95%: 88%-95%) para infecção documentada, 94% (IC de 95%: 87%-98%) para a prevenção de doença sintomática e 87% (IC de 95%: 55%-100%) para a prevenção de hospitalização. A vacinação foi estimada como sendo 46% (IC de 95%: 40%-51%) efetiva na prevenção da infecção e 72% (IC de 95%: 19%-100%) efetiva na prevenção de morte devida a COVID-19 14 a 20 dias após a primeira dose. A eficácia da vacina para o desfecho de morte não pôde ser calculada ≥ 7 dias após a segunda dose devido a uma baixa taxa de eventos.
Este estudo de coorte conduzido em um pequeno país com saúde universal, um sistema de saúde público robusto e altas taxas de vacinação revelou que a vacinação contra a COVID-19 tem eficácia semelhante à eficácia inicialmente relatada. Dentro de duas semanas após a primeira dose, parece haver proteção moderada contra as infecções documentadas (embora não saibamos muito sobre as infecções assintomáticas), justificando a discussão sobre a priorização da primeira dose. Israel primeiro se concentrou na vacinação de todos com mais de 60 anos, o que resultou em relativamente poucos adultos idosos com comorbidades na população do estudo. Pelo menos nesta população, a eficácia do ensaio se traduziu em eficácia no mundo real. Este estudo deve injetar mais esperança em nossos dias, pois essa vacina de mRNA parece fornecer proteção robusta contra a morte por COVID-19.
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Equipe editorial do MBE em Foco da DynaMed
Este MBE em Foco foi escrito por Carina Brown, MD, professora assistente na residência de Medicina de Família da Cone Health. Editado por Alan Ehrlich, MD, editor executivo da DynaMed e professor associado de Medicina de Família na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts, Dan Randall, MD, editor adjunto para Medicina Interna da DynaMed, e Katharine DeGeorge, MD, MS, professora associada de Medicina de Família da Universidade da Virginia e editora clínica da DynaMed.