Read the complete MBE em Foco.
Reference: JAMA 2014 Aug 20;312(7):712 (evidência de nível 2 [médio])
A oximetria de pulso é rotineiramente utilizada na avaliação e acompanhamento de crianças com bronquiolite. É uma maneira segura e conveniente de medir o estado de oxigenação e pode detectar a hipoxemia antes que esta se torne clinicamente evidente. As diretrizes da Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendam atualmente que o oxigênio suplementar deve ser utilizado em crianças com bronquiolite com saturação de oxigênio persistentemente ≤ 89% à oximetria de pulso (Pediatrics 2006 Oct;118(4):1774 full-text). No entanto, o papel da oximetria como parte da decisão de internação hospitalar não é clara. Um estudo randomizado recente que envolveu 213 crianças com idades entre 1 e 12 meses com bronquiolite leve a moderada avaliou o efeito dos resultados da oximetria nas taxas de hospitalização.
Todas as crianças tinham saturação de oxigênio ≥ 88% (média de 97% em cada grupo) ao início do estudo e foram randomizadas para aferições de oximetria cujos valores de leitura foram artificialmente elevados para 3% acima dos valores verdadeiros ou oximetrias com valores de leitura verdadeiros. O desfecho primário foi a internação no prazo de 72 horas ou cuidados hospitalares por ≥ 6 horas devido a preocupações com desconforto respiratório. As taxas de desfecho primário foram de 25% no grupo com resultados do exame elevados artificialmente versus 41% no grupo com oximetrias de leitura normal (p = 0,005). Não houve diferenças significativas entre os grupos quanto a quantidade de oxigênio suplementar administrada no serviço de emergência ou tempo de internação hospitalar. Também não houve diferença significativa nas taxas de consultas médicas por bronquiolite não programadas.
A oximetria de pulso é um dos vários fatores utilizados na avaliação da necessidade de se admitir uma criança com bronquiolite ao hospital e os achados clínicos, tais como angústia respiratória ou dificuldades de alimentação, podem indicar a necessidade de internação hospitalar, independentemente dos valores de saturação de oxigênio. Os resultados deste estudo são consistentes com os de um estudo observacional anterior que descobriu que os níveis de saturação de oxigênio foram um preditor significativo de internação após avaliação por bronquiolite moderada a grave em serviços de emergência (Pediatr Emerg Care 2012 Feb;28(2):99). No entanto, a capacidade de interpretar esses novos resultados é limitada pelo fato de que a maioria das crianças do estudo tinham saturação de oxigênio quase normal no início (média de saturação de oxigênio de 97%, e apenas 13%, no geral, tiveram saturação de oxigênio <94%). No entanto, estes resultados sugerem que pode haver um excesso de dependência da oximetria de pulso para se decidir pela internação de crianças com bronquiolite leve a moderada. Esses dados destacam a necessidade de se evitar a ponderação isolada de um único achado, ao invés de vê-lo como parte de um quadro clínico mais amplo.
Para mais informações, veja o tópico Bronquiolite no Dynamed.