Revisão do ano 2020

MBE em foco - Volume 6, Issue 20

Revisão do ano 2020

A cada semana os autores e editores do MBE em Foco da DynaMed selecionam os artigos considerados como de maior probabilidade de informarem a prática clínica. Como “revisão do ano”, os editores do MBE em Foco apresentam seus cinco resumos favoritos de 2020. Comentários sobre como sua prática clínica foi afetada pela informação apresentada são muito bem-vindos. Eles podem ser enviados para DynaMedFeedback@ebsco.com.

Gostaríamos de agradecer a nossos leitores pelo apoio é pelos comentários enviados ao longo do ano. Seu feedback ajuda a melhorar o MBE em Foco para a comunidade global DynaMed.

Com nossos mais sinceros votos para um ano novo cheio de paz e alegria,

Os editores do MBE em Foco da DynaMed

Colocando os anti-hipertensivos da manhã para dormir - dosagens noturnas parecem melhores

Referência: Eur Heart J. 2019 Oct 22

Já existem há muitos anos evidências de pequenos ensaios de drogas individuais que apoiam a tomada dos anti-hipertensivos à noite. Agora existem dados mais convincentes de clínicas de atenção primária reforçados por dados de monitoramento ambulatorial agendado da pressão arterial de mais de 19.000 pacientes hipertensos acompanhados por uma mediana de 6,3 anos. O grupo Hygia se estabeleceu na Espanha para utilizar o monitoramento ambulatorial da pressão arterial de maneira rotineira mas, como esse estudo mostra, os dados de monitoramento ambulatorial não ajudam com os desfechos primários de morte e eventos vasculares.

Dados iniciais promissores: remdesivir pode acelerar o tempo até a recuperação na COVID-19, mas o benefício sobre a mortalidade é incerto

Referência: N Engl J Med. 2020 May 22

A doença respiratória em decorrência da COVID-19 já tirou as vidas de mais de 412.745 pessoas ao redor do mundo até o momento e colocou as economias em queda livre. Um comunicado à imprensa no final de abril sugeriu que o remdesivir pode melhorar os desfechos clínicos entre os pacientes com COVID-19. Um mês depois temos resultados preliminares de estudos trazendo a tão esperada informação sobre a potencial terapia com o inibidor da RNA polimerase viral para o tratamento do Ebola com atividade in vitro contra os coronavírus.

Remdesivir para COVID: permaneçamos céticos

Referência: JAMA. 2020 Sep 15;324(11):1048-1057

Em maio deste ano a FDA autorizou o uso emergencial do remdesivir em pacientes hospitalizados com COVID-19 grave. A autorização foi dada após a publicação do ensaio ACTT-1, o qual foi revisado em um MBE em Foco anterior. A população do ensaio ACTT-1 estava bastante doente: cerca de 25% estavam intubados ou sob oxigenação por membrana extracorpórea, e 90% necessitavam de oxigênio. Dados dos 1059 pacientes indicaram um tempo menor até a recuperação com o remdesivir (11 vs. 15 dias), mas nenhuma diferença significante na mortalidade; no entanto, a possibilidade de benefício não pôde ser excluída. Uma diretriz subsequente do NIH sobre o tratamento da COVID-19 recomendou 10 dias de remdesivir nos pacientes que necessitam de oxigênio em alto fluxo, BiPAP, ventilação mecânica ou oxigenação por membrana extracorpórea, e 5 dias em todos os outros pacientes que receberem oxigênio suplementar. Em agosto um ensaio aberto patrocinado pela Gilead foi publicado no JAMA, avaliando o redesivir para pacientes hospitalizados menos graves que os incluídos no ensaio ACTT-1. Esse ensaio foi seguido de uma autorização expandida da FDA para o uso do remdesivir em qualquer paciente hospitalizado com COVID.

Hidroxicloroquina ainda não tem benefício comprovado para a COVID-19

Referência: Ann Intern Med. 2020 Jul 16

Poucos potenciais tratamentos para a COVID-19 receberam mais atenção que a hidroxicloroquina. No início da pandemia, estudos não controlados sugeriram algum benefício para os pacientes hospitalizados, mas dados observacionais não encontraram evidências de benefícios. Um ensaio randomizado controlado por placebo recente examinou os potenciais benefícios da hidroxicloroquina em pacientes sintomáticos tratados no início da doença para avaliar se ela poderia melhorar os sintomas ou reduzir as hospitalizações.

Importantes novas recomendações para o rastreamento do câncer de colo uterino

Referência: CA Cancer J Clin. 2020 Jul 30

As mortes por câncer de colo despencaram para as mulheres que se submetem ao exame de Papanicolaou desde que ele foi introduzido na década de 1950. Aprendemos nas últimas décadas que os sorotipos de alto risco para infecção pelo HPV causam quase todos os cânceres cervicais e que o teste do HPV é um marcador mais sensível para neoplasia intraepitelial cervical (NIC) que a citologia quando se usa a colposcopia e biópsia como padrão-ouro. Além disso, combinar os dois métodos (co-teste) não acrescenta muito à sensibilidade ou à especificidade. Também sabemos que a maioria das mulheres jovens que contraem o HPV no final da adolescência ou no início dos 20 anos eliminará o vírus em dois anos sem intervenção. Por essas e outras razões, a USPSTF anunciou diretrizes em 2018 recomendando citologia sem teste de HPV para mulheres de 21 a 30 anos a cada três anos, seguida de teste de HPV a cada cinco anos (ou citologia a cada três anos ou co-teste) para mulheres com idade ≥ 30 anos. Mas agora a American Cancer Society (ACS) está recomendando o início do rastreamento do câncer cervical com teste de HPV apenas a cada 5 anos, dos 25 aos 65 anos. A citologia é uma alternativa aceitável, mas é claramente considerada como não preditiva do desenvolvimento de câncer.

Menção honorária de melhor título:

Não consegue dormir? Leia isto.

Referência: JAMA Netw Open. 2019 Dec 2;2(12)

Equipe editorial do MBE em Foco da DynaMed

Carina Brown, MD: professora assistente da residência médica em Medicina de Família da Cone Health

Katharine DeGeorge, MD, MS: professora associada de Medicina de Família na Universidade da Virginia e editora clínica da DynaMed

Alan Ehrlich, MD, FAAP: editor executivo da DynaMed e professor associado de Medicina de Família na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts

Nicole Jensen, MD: fellow de desenvolvimento docente e instrutora clínica de Medicina de Família na Universidade da Virginia

Terri Levine, MSc, PhD: autor médico sênior em Ginecologia e Obstetrícia da DynaMed

Dan Randall, MD, MPH: editor adjunto para Medicina Interna da DynaMed