Suplementação não melhora resultados funcionais de mulheres na menopausa com deficiência de vitamina D

MBE em Foco - Volume 3, Issue 22

Referência- JAMA Intern Med 2015 Aug 3 early online (evidência de nível 1 [provavelmente confiável])

A deficiência de vitamina D está associada a complicações músculo-esqueléticas, incluindo dor e astenia, osteomalacia, osteoporose e hiperparatireoidismo secundário (J Clin Endocrinol Metab 2011 Jul;96(7):1911, Postgrad Med 2006 Jun-Jul;119(1):25). A deficiência de vitamina D é especialmente prevalente em mulheres na menopausa que já estão em maior risco de osteoporose e de fraturas relacionadas a ela (QJM 2005 Sep;98(9):667). As evidências que embasam o uso de suplementos de vitamina D para o tratamento e a prevenção da osteoporose são limitadas e as recomendações das diretrizes atuais são inconsistentes quanto ao uso de vitamina D para esses fins (National Osteoporosis Foundation 2013 PDF, Ann Intern Med 2013 May 7;158(9):691). Dados recentes sugerem que a suplementação também pode reduzir o risco de quedas em pacientes com baixos níveis de vitamina D (Cochrane Database Syst Rev 2012 Sep 12;(9):CD007146). Esses dados levaram a American Geriatrics Society e a British Geriatrics Society a recomendarem pelo menos 800 unidades por dia de suplementação de vitamina D para pessoas idosas com deficiência comprovada desse nutriente e considerar esta suplementação para todos os adultos mais idosos com risco aumentado de quedas (J Am Geriatr Soc 2011 Jan;59(1):148). Um estudo randomizado recente comparou a vitamina D3 em doses elevadas com vitamina D3 em baixas doses e com placebo durante 1 ano em 230 mulheres na menopausa com deficiência de vitamina D (níveis de 25-hidroxivitamina D entre 14 e 27 ng/mL). O desfecho primário foi a alteração na absorção de cálcio, mas a taxa de quedas foi um dos desfechos secundários investigados.

O regime de altas doses incluiu 50.000 unidades de vitamina D3 duas vezes por mês e placebo diariamente, e o regime de baixas doses consistiu de 800 unidades de vitamina D3 diariamente com placebo duas vezes por mês. O grupo do placebo recebeu placebos diários e duas vezes mensais para manter o mascaramento. Todas as mulheres também foram aconselhadas a consumir de 600 a 1400 mg de cálcio diariamente por dieta ou cálcio suplementar, se necessário. Foram excluídas mulheres com evidência de osteoporose, que estavam tomando bifosfonatos ou outros medicamentos ativos nos 6 meses anteriores, ou com certas comorbidades. Do dia 30 ao dia 365, os níveis médios de 25-hidroxivitamina D aumentaram para 56 ng/mL no grupo das doses elevadas de vitamina D3 e 28 ng/mL no das doses baixas, em comparação com 19 ng/mL no grupo do placebo (p <0,001 entre os grupos ). A alteração na absorção total de cálcio fracional a 1 ano foi significativamente aumentada no grupo de dose elevada de vitamina D3 em comparação com os grupos de baixa dose de vitamina D3 e placebo (+ 1% versus -2% e -1,3%, respectivamente). Esta diferença não se correlacionou com qualquer resultado clínico. Não houve diferenças significativas nos números de quedas ou nas porcentagens de pacientes que sofreram quedas entre os grupos, com 35 quedas em 29,7% das mulheres no grupo de altas doses de vitamina D3 versus 36 quedas em 32,9% das mulheres no grupo das doses baixas de vitamina D3 versus 33 quedas em 30,3% das mulheres no grupo do placebo. Também não houve diferenças significativas em outros resultados clínicos ou de saúde óssea, incluindo fraturas, testes “Timed Up and Go” e “Five Sit-to-Stand” e medidas de estado funcional ou atividade física.

Este estudo contrasta com duas revisões sistemáticas anteriores (Cochrane Database Syst Rev 2012 Sep 12;(9):CD007146, JAMA 2004 Apr 28;291(16):1999) que constataram uma diminuição no risco de quedas com a suplementação de vitamina D. Esta discrepância pode, em parte, ser explicada pelas populações incluídas, com as revisões sistemáticas tendo incluído os adultos mais idosos em geral, em comparação com a população específica de mulheres na menopausa com deficiência de vitamina D incluídas neste estudo. Além disso, a média de idade dos pacientes analisados nas revisões sistemáticas foi cerca de 10 anos mais alta que a das mulheres incluídas neste ensaio. Este estudo sugere que a vitamina D suplementar não reduz o risco de quedas. Finalmente, embora não haja diferenças observadas na saúde óssea ou no estado funcional, o estudo pode ter sido muito curto para avaliar adequadamente estes desfechos.

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