Reference: Emerg Med J 2014 Nov;31(11):872 (evidência nível 2 [médio])
O infarto do miocárdio é a principal causa de morte e incapacidade em todo o mundo, mas a sua identificação imediata à apresentação no departamento de emergência pode ser difícil. Uma dor torácica pode decorrer de várias etiologias muito diferentes que vão desde doenças cardiovasculares a doenças gastrointestinais e infecções, e muitos pacientes com síndrome coronariana aguda apresentam sintomas atípicos (Resuscitation 2010 Mar;81(3):281). Descartar precocemente uma síndrome coronariana aguda em pacientes que vão ao departamento de emergência pode evitar internações desnecessárias e dispendiosas, mas os sinais e sintomas por si só não se revelaram suficientes para diagnosticar ou descartar infarto agudo do miocárdio (Br J Gen Pract 2008 Feb;58(547):105 e JAMA 2005 Nov 23-30;294(20):2623). Um estudo recente realizado no Reino Unido investigou a capacidade do julgamento clínico em combinação com os dados da troponina T cardíaca e do eletrocardiograma (ECG) para descartar com segurança o infarto agudo do miocárdio em 458 pacientes (idade média de 64 anos e 59% do sexo masculino) que se apresentaram em serviços de emergência com suspeita de dor torácica cardíaca.
Depois de analisar os resultados de ECG e as informações clínicas, os médicos foram convidados a registrar suas opiniões sobre a probabilidade de síndrome coronariana aguda utilizando uma escala de Likert de 5 pontos (“definitivamente não”, “provavelmente não”, “não tenho certeza”, “provavelmente”, e “definitivamente”). Os médicos não tiveram acesso aos níveis de troponina cardíaca antes de essas opiniões serem registradas. Amostras de sangue colhidas à apresentação e ≥ 12 horas após o início dos sintomas foram testadas para troponina T e posteriormente re-testadas com o uso de um ensaio de alta sensibilidade para troponina T. Com o uso da definição de infarto agudo do miocárdio como um aumento ou uma queda de ≥ 20 ng/L em testes seriados da troponina com pelo menos uma medição acima do percentil 99 do limite de referência superior, 17,7% dos pacientes receberam esse diagnóstico. O julgamento clínico foi insuficiente para afastar infarto agudo do miocárdio e liberar os pacientes com segurança, com valores preditivos negativos entre 92% e 97%. Ao expandir os critérios para alta de modo a incluir os níveis normais de troponina cardíaca de alta sensibilidade e ausência de isquemia no ECG, além da avaliação clínica, o valor preditivo negativo aumentou para 100% (IC 95%: 95,7%-100%). Usando os resultados do ensaio da troponina de alta sensibilidade combinados com a avaliação do ECG e as opiniões médicas de “definitivamente não”, “provavelmente não” ou “não tenho certeza”, 41,7% dos pacientes puderam receber alta imediatamente sem que se deixasse de diagnosticar um único infarto. Com o uso do teste padrão troponina além do ECG e a avaliação do médico de “definitivamente não” ou “provavelmente não” como requisitos para a alta, o número de pacientes que puderam ser liberados com segurança foi de 23,1%.
Estes resultados mostram que a adição do ECG e dados da troponina T cardíaca à avaliação clínica permite que os médicos descartem infartos do miocárdio e liberem pacientes com segurança. Este estudo requer validações adicionais, mas poderia reduzir significativamente internações hospitalares, sem que se deixe de diagnosticar nenhum infarto agudo do miocárdio.
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